terça-feira, 29 de março de 2011

Nono Dia - 09 27.02.2011

Reconhecendo territórios


42 - Paisagem de inverno

1º. Movimento
Casa do moinho, em Randaragna.

Alegro
As vilas da Itália são rrepletas de casas de dois andares.

Muitas delas, nas comunidades menores, estão lá desde muito tempo antes da guerra. Algumas casas destruídas durante o conflito foram reconstruídas. Nessa casa, que chamo de “casa do moinho”, residem o homem e sua esposa.

Eu a batizei como “casa do moinho” porque na casa de meu pai, no Recife, Brasil, temos um moinho de pedra do mesmo modelo que agora encontro nesta casa, aqui na Itália. A diferença entre eles é somente que o de meu pai é bem menor e manual. Este é datado do ano de 1600 e movido por uma pequena queda d’água.


43 - Moinho de pedra

Cantante
Como a casa do moinho chega até a história do Brasil? Durante a guerra, um dos maiores problemas dos soldados brasileiros era enfrentar o frio do inverno e da primavera europeus. Em geral, os nossos soldados sentiam muito frio nos pés. O aquecimento dos pés, um ponto crucial para o aquecimento do resto do corpo foi uma das nossas maiores dificuldades.

Meu pai conta: “Para diminuir o frio nos pés, usávamos uma galocha americana por cima de nossas botinas. Um pé que calçava uma bota número 40, ficava, com a galocha, número 44”.

Muitos veteranos contam os problemas que tiveram para aquecer os pés.

Nesta casa, durante a guerra, o pracinha Miguel Pereira costumava pedir pra entrar e esquentar os pés na boca do forno que era usado para fazer o pão todos os dias. Observando as pessoas da “casa do moinho” eu percebo que na época do inverno e até as temperaturas se elevarem um pouco, na primavera, para quem vive nas partes mais frias do planeta, e trabalha com a terra, é tempo de descanso, reflexão e fortalecimento para reencontrar o trabalho árduo quando o plantio, os cuidados com a plantação e a colheita chegarem.

Durante a guerra, nesse período do ano nossos soldados estavam, em 1944-45, lutando para libertar o mundo do poderio nazi-fascista.

Caminhante
Somos bem recebidos ao visitar a “casa do moinho”.. A casa está à beira do rio que dá nome ao lugar.


2º. Movimento Visita ao Monte Castelo


44 - Descanso na subida do Monte Castelo
(Etampa do sabonete Eucalol)

Alegro
No Monte Castelo foi erguido o “Monumento Líberazione” em homenagem aos soldados brasielrios mortos e também um marco ao soldado desconhecido. Foi com grande orgulho que o povo italiano construiu vários monumentos sobre a participação brasileira na libertação da Itália.

Cantante
Foram necessárias três batalhas sangrentas para a conquista do monte castelo. Nessa série de ataques pereceram 88 soldados brasileiros. O monte coberto de neve, o frio, e os alemães entrincheirados no topo do monte lavou de sangue verde e amarelo a conquista do Monte Castelo Somente no dia 21 de fevereiro o Monte é finalmente conquistado.

Caminhante
Chego ao monumento do Monte Castelo em um dia em que está tudo coberto de neve. A brancura, a singeleza do monumento e a amplidão das montanhas ao fundo, tudo branco, dá uma sensação de paz enorme. Sinto como “isto está posto, é nosso!”. É muito árduo dizer isso depois de tantos jovens brasileiros perecerem neste lugar. É um sentimento de paz, somente isso... talvez, também, a paz dos mortos. Fico com vontade de gritar o nome de todos que ali pereceram.

Pretendo voltar aqui na primavera.

Um veterano declarou que os campos cobertos de neve pareciam campos de algodão.

É verdade.


45 - Monumento Libertazione - Monte Castelo

3º. Movimento 
Passagem por Abetaia

Alegro
Os caminhos da FEB são bem conhecidos por Mário Pereira que viveu sempre nesta área. (sobre esta família eu falarei outro.

Cantante
Em Abetaia encontramos um portão de ferro que está no mesmo local desde a II Guerra... Os tiroteios por ali deixaram várias marcas de balas no portão, tornando-o um registro vivo da história.

Caminhante
É, pára mim, surpreendente ver a história ali, viva. Acho que a importância da paz, com a libertação da Itália do domínio nazi-fascista, é enorme para o povo italiano, que conserva muitos marcos dessa história. dia).


46 - Furos de balas da II Guerra Mundial

O portão de ferro, repleto de furos, me dá arrepios.

Depois olho bem pelos buracos e começo a fotografar.

É sempre uma surpresa observar minhas emoções nesses momentos de enfrentamento com essa realidade que pode parecer distante mas está na minha pele e na de tantas outras pessoas.

4º. Movimento
Porretta Terme

Alegro
Um dos meus objetivos é visitar o casarão onde funcionou o Qualtel General de Mascarenhas de Moraes em Porretta Terme.

Cantante
O casarão onde funcionou o Quartel-General de Mascarenhas de Moraes em Porretta Terme, de 09 de novembro de 1944 até 16 de março de 1945. Dali ele determinava os movimentos das tropas brasileiras na Itália. O casarão já foi usado para um hotel. Hoje está fechado.

Caminhante
Eu pensei que o casarão ainda era um hotel e havia desejado me hospedar lá por alguns dias. Fiquei triste porque o hotel havia fechado Vou tentar entrar no casarão e escrever algo de lá de dentro... quem sabe mandar uma mensagem ao mundo. Acho que o casarão é uma das maiores casas da cidade.



47 - O predio do Quartel General de Mascarenhas de Moraes

5º. Movimento
Passagem por Montese

Alegro
Um dos veteranos de Montese é um chafariz que, apesar de alguns furos de bala, permanece lá, no mesmo lugar, até hoje, imponente, firme e forte... talvez seja, hoje, um dos veteranos mais imponentes, ali, jorrando água, cumprindo sua função de sempre.


48 - O chafariz veterano

Cantante
Montese foi conquistada pela FEB em 14 de abril de 1945. Em Montese está o largo Brasil, onde a população da cidade construiu um monumento oferecido aos brasileiros.


49 - Eu no Monumento aos soldados brasileiros, em Montese

6º. Movimento
Museu em Iola.

Alegro
Visitamos o Museu de Iola, administrado pela comunidade local. Na parte superior são conservados objetos da Ii Guerra.

Cantante
Neste museu estão roupas e objetos usados pelos nossos pracinhas. São guardados, além de algumas armas, vários maços de cigarros, o objeto de desejo de todos naquela época.

Caminhante
Vi a famosa Lurdinha. Perguntando a meu pai que Lurdinha era essa ele somente me deu uma risadinha insossa.

Eu descobri, e até mesmo a fotografei.


50 - A Lurdinha

Sobre a Lurdinha: Era a metralhadora alemã MG 34 a mais temida arma de guerra alemã. Os disparos dessa metralhadora eram comparados com uma gargalhada de uma mulher... e por isso, ela foi batizada pelos brasileiros de Lurdinha.

Neste museu encontro o livro de fotografias coloridas "Sulle orme dei nostri padri", do fotógrafo-soldado americano Cruz E. Rios e as câmeras por ele usadas durante a guerra.

Nossa!

Uma jóia preciosa!


51 - A câmera do soldado-fotógrafo
7º. Movimento
Visita ao Monumento de Pistóia.

Caminhante
Sobre este monumento eu escreverei em um outro dia.

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