quinta-feira, 24 de março de 2011

Segundo dia - 08.02.2011

Rio de Janeiro – Brasil


06-A cobra fumou


1º. Movimento
Aeroporto de Confins, Belo Horizonte – aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

Caminhante
A idéia dessa viagem é comemorar o dia da partida de meu pai para a Itália, no 5º, Escalão da FEB..

2º. Movimento
Estação Central do Brasil – Vila Militar
07 - Estação Central do Brasil em 1899
Fotografia sem crédito, encontrada na intenet.



Alegro
Meu pai, como tantos outros soldados, viajou do centro da cidade do Rio de janeiro para a Vila Militar no trem da Central do Brasil. Na Vila Militar os pracinhas passaram por alguns treinamentos antes de embarcar para a Itália.

Cantante
A estação Central do Brasil até hoje funciona com várias linhas de trem de subúrbio, transportando diariamente milhares de pessoas. Em algumas linhas são necessárias quase duas horas para se chegar ao destino.

O primeiro prédio da Central do Brasil é de 1858. Em 1943, durante o Estado Novo, é a vez da nova estação, com o famoso relógio inspirado no movimento artístico art deco.

Caminhante
Faço uma viagem horrível nesse trem... que é muito desconfortável... e para completar estou apreensiva por não saber onde é minha estação de parada e nem como será, levando em conta os problemas de violência do Brasil.

Ao chegar na Vila Militar sou bem recebida. Fotografo o prédio do Regimento Sampaio, onde meu pai esteve, os alojamentos da tropa e a estátua de Nossa Senhora Aparecida, que foi e voltou da Itália com a FEB.



11- Imagem de Nossa Senhora
Aparecida que foi e voltou da
Itália com a FEB

3º. Movimento
Da Vila Militar ao cais do porto do Rio de Janeiro.

Alegro
Encontro com Januário Garcia, fotógrafo e meu amigo. Vamos juntos ao cais do porto do Rio de Janeiro.

Cantante
Foi das proximidades de onde hoje estão os portões 12 e 13, que embarcou a Força Expedicionária Brasileira, em cinco escalões, entre 1944 e 1945, nos navios cargueiros americanos General Mann e General Meigs, rumo ao porto de Nápolis, na Itália.

De Nápolis nossos pracinhas foram em outra embarcação até o porto de Livorno e dali, em caminhões até o teatro de operações de guerra. Foram para a Itália, no exército brasileiro, praticamente 25.000 militares, homens e algumas mulheres (enfermeiras). Muitos relatam as péssimas condições da viagem, o calor quase insuportável e o medo durante a travessia do Atlântico e do mar Mediterrâneo.
Entre 1941 e 1944 foram afundadas, na costra brasileira, 36 embarcações, causando a morte de quase mil civis.

Devido aos afundamentos de nossas embarcações e por causa do estado de guerra a viagem era sigilosa e durante as noites o navio permanecia em blackout, (no escuro) para não ser detectado pelos inimigos.
Momentos de descontração aconteciam durante a viagem. Um deles era ao cruzarem a linha do equador, quando realizavam a Cerimônia do Rei Netuno (rei dos mares): um batismo para a pessoas que cruzavam a linha do equador pela primeira vez.

Juntamente com a FEB embarcaram vários jornalistas que acompanharam as movimentações brasileiras no front, entre eles Rubem Braga.

Caminhante
Compro rosas brancas (para mim símbolo da paz) e as jogo, uma a uma, ao mar em homenagem aos pracinhas que dali embarcaram para a Itália, e ao heroísmo de todos eles. É também uma oferta a Iemanjá (rainha das águas) por ter levado e trazido de volta o meu pai além de tantos outros.
Meu amigo me filma jogando as flores brancas ao mar.

4º. Movimento
Monumento aos Heróis Brasileiros da II Guerra Mundial.


Alegro
O monumento, que está localizado no Aterro do Flamengo, na cidade do Rio de Janeiro, foi inaugurado em 1960, fundamentalmente para abrigar os ossos dos soldados brasileiros mortos durante a guerra na Itália.

O complexo arquitetônico é composto de: edícola, homenagem ao soldado desconhecido, museu da FEB, e mausoléu dos brasileiros mortos.

Cantante
Durante a guerra, na Itália, faleceram 467 brasileiros.
Primeiramente os mortos foram enterrados no semitério de Pistoia, na Itália.

Caminhante
Somente ao chegar ao monumento descubro que o mesmo está em obras e não consigo visitar o museu e somente entro no mausoléu após uma conversa sobre meu projeto com o diretor do monumento. Ele é muito simpático e até manda um abraço para meu pai.

Aqui no mausoléu sinto um gelo na espinha... fico observando essas lápides, todas alinhadas
juntas umas às outras.

14 - Musoléu dos pracinhas brasileiros mortos na campanha da Itália

Há uma luz de final de tarde entrando no espaço, que me parece muito triste.
Reflito sobre os significados das guerras.


15-Paz

5º. Movimento
Do Rio de Janeiro a Belo Horizonte.

Caminhante
A viagem de volta, no final da tarde do mesmo dia em que eu saí de Belo Horizonte, é cansativa e estou muito reflexiva. Esse é, ma verdade, o início de novos percursos solitários de meu projeto. Serão, ainda, muitos voos, aeroportos, trens etc.

16 -Voando de volta para Belo Horizonte

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