segunda-feira, 25 de abril de 2011

Décimo nono dia - 07.04.2011

Amsterdam-Holanda


1º. Movimento
Museu Judaico

Alegro
A história da comunidade judaica de Amsterdam é muito bem cuidada. Essa comunidade é parte importante da história da cidade, e do país.

Cantante
Aqui eu vou me limitar a explicar, em linhas gerais, o significado de alguns símbolos judaicos, pois acredito que eles sejam um pouco misteriosos para a maioria de nós.

123-Interior do Museu Judaico de Amsterdam
Estrela de Davi
124-Estrela de Davi. (Fonte mencionada abaixo)
As seis pontas da Estrela de David simbolizam o controle de D’us sob o universo em todas as seis direções: norte, sul, leste, oeste, em cima e em baixo. O triângulo que aponta “para cima” contém os 3 pilares da fé Judaica , diz sobre o espiritual e santo; D’us, o Homem e o Povo. O triângulo que aponta para baixo diz sobre o terreno e secular; Passado / Criação, Passado que prossegue no presente / Revelação e Futuro / Redenção.

MEZUZÁ
125- MEZUZÁ.
 (Fonte mencionada abaixo)
Mitsvá (mandamento ) que tem acompanhado o povo judeu ao longo dos anos. Mais do que nunca constitui o sinal de que nesta residência ou estabelecimento se encontra um judeu, e em sua porta sua maior proteção: D’us. “Mezuzá” é a palavra hebraica para designar umbral. Consiste em um pequeno rolo de pergaminho (klaf) que contém duas passagens bíblicas, manuscritas, “Shemá” e “Vehaiá”. A mezuzá que deve ser afixada no umbral direito da porta de cada dependência de um lar ou estabelecimento judaico, obedece ao seguinte mandamento da Torá: “Escreve-las-ás nos umbrais de tua casa, e em teus portões” (Deuteronômio VI:9,XI:20
KIPÁ 
Há alguém acima de você.
126-KIPÁ
 (Fonte mencionada abaixo)
O significado da palavra kipá é “arco”, que fica compreensível quando pensamos em seu formato. A kipá é um lembrete constante da presença de D’us. Relembra o homem de que existe alguém acima dele, de que há Alguém Maior que o está acompanhando em todos os lugares e está sempre o protegendo, como o arco, e o guiando. Onde quer que vá, o judeu estará sempre acompanhado de D’us.

MANORÁ
127-Manorá
 (Fonte mencionada abaixo)
Candelabro em hebraico é Menorá. A menorá que ficava permanentemente acessa no Templo Sagrado continha sete braços, para mostrar que D’us é a luz do mundo. Inclusive as janelas do Templo eram construídas de forma a levar esta luz para fora (eram estreitas dentro e amplas por fora).
A “menorá” de nove braços, na verdade é uma chanukiá. Possui oito lugares para oito velas e um braço mais alto, chamado de “shamash”, “auxiliar” (e não nove) pois através dele acendemos as demais velas. É acesa a cada dia (durante oito dias) na festa de Chanuca, quando celebramos o milagre ocorrido no Segundo Templo Sagrado (quando foi novamente consagrado).

TEFILIN
 
128-Tefilin
Consiste em duas pequenas caixas quadradas de couro de um animal casher ( apropriado para o consumo), permitidos para consumo. Devem formar um quadrado perfeito e as tiras de couro devem ser pintadas de preto, sem qualquer falha. Dentro de cada caixa encontram-se escritos em pergaminho (que também é feito de um animal casher), quatro parágrafos da Torá.

TORÁ

129-Torá
 (Fonte mencionada abaixo)
 A planta mestre, a Torá, foi entregue no Monte Sinai testemunhada por centenas de milhares de pessoas.  A Torá abrange todo o aprendizado passado de D’us para Moshê, e deste para as gerações seguintes. Tudo acabou sendo registrado através de centenas de milhares de volumes que compõem todos os ensinamentos de conduta, moral, preceitos e o código das Leis Judaicas. Os Dez Mandamentos, As Sete Leis de Nôach, os Treze Princípios de Maimônides. A Torá  é e sempre será o código de conduta  e bênção de vida; o elo eterno entre D’us e o povo judeu.
Fonte
Aceso em  20.04.2011.

Caminhante
Nesta sinagoga, eu sinto uma paz imensa. Fico muito tempo somente sentada ouvindo o som do silêncio.
Estar aqui é muito bom.



2º. Movimento
Museu Casa de Anne Frank.
130-Fila no Museu casa de Anne Frank
Alegro
O Museu Casa de Anne Frank foi inaugurado com a presença de seu pai, Otto Frank, em 03 de maio de 1960.
O museu, que recebe anualmente mais de um milhão de pessoas, está em Amsterdam, na Holanda, no “anexo secreto” onde a família Frank viveu escondida, do dia 06 de julho de 1942, até ser levada para Auschwitz, em 04 de agosto de 1944.
131-Um jardim para Anne
Cantante
Anne Frank nasceu em Frankfurt, Alemanha, em 12.06.1929.
Em 1933, com a ascensão do nazismo e a perseguição aos judeus na Alemanha, a família Frank se muda para Amsterdam.
Anne estudava na escola Montessori. Com a invasão da Holanda em 1940, cresce a perseguição aos judeus também neste país. Anne é proibida de freqüentar a escola juntamente com as crianças não judias, e passa a estudar no Liceu Israelita.
Em junho de 1942 a família se esconde na rua Prinsengracht, 263, casa onde hoje funciona o Museu Casa de Anne Frank.
Em 04 de agosto de 1944, após ser delatada, a família é presa e levada para Auschitz, juntamente com outros quatro ocupantes do “anexo secreto”.
Anne Frank morreu de tifo, em março de 1945, no campo de concentração de Bergen-Belsen, na Alemanha, para onde havia sido levada quando os aliados fecharam o certo a Auschwit
O único sobrevivente da família Frank foi Otto, o pai de Anne.
O diário escrito por Anne, durante sua permanência no esconderijo, é hoje considerado um dos livros mais importantes do século XX.

Aqui reproduzo alguns trechos do diário de Anne Frank:
132-Homenagem
“Até agora nosso quarto, com suas paredes brancas, estava muito nu. Graças a papai - que tinha trazido antes toda a minha coleção de cartões-postais e pôsteres de estrelas de cinema - e a um pincel e um pote de cola, pude cobrir as paredes com gravuras. Ficou muito mais alegre.“
(Sábado, 11 de julho de 1942)
“À noite, quando está escuro, costumo ver longas filas de gente boa e inocente com crianças chorando, andando sem parar, controladas por um punhado de homens que as empurram e batem até elas quase caírem.”
 ...“Fico apavorada quando penso em amigos íntimos que agora estão à mercê dos monstros mais cruéis que já assolaram a terra.”   ...
“E tudo porque são judeus. “
(Quinta-feira, 19 de novembro de 1942)

“Uma coisa boa resultou disso tudo: à medida que a comida fica pior e os decretos mais duros, aumentam os atos de sabotagem contra as autoridades. O departamento de alimentação, a polícia, as autoridades - todos estão ajudando os cidadãos ou denunciando-os e mandando-os para a prisão. Felizmente, apenas uma pequena porcentagem dos holandeses está do lado errado.”
(Quarta-feira, 29 de março de 1944)

“Finalmente, percebi que devo fazer os deveres de escola para não ficar ignorante, para continuar com a vida, para me tornar uma jornalista,
porque é isso que desejo!”
...
“Quero ser útil ou trazer alegria a todas as pessoas, mesmo àquelas que jamais conheci. Quero continuar vivendo depois da morte! E é
por isso que agradeço tanto a Deus por ter me dado esse dom, que posso usar para me desenvolver e para expressar tudo o que existe dentro de mim!” ".. será que me tornarei jornalista ou escritora? Espero, ah, espero muito, porque escrever me permite registrar tudo, todos os meus pensamentos, meus ideais e minhas fantasias.”
(Quarta-feira, 5 de abril de 1944)

“Se Deus me deixar viver, vou realizar mais do que mamãe jamais realizou, vou fazer com que minha voz seja ouvida, vou para o mundo e trabalharei em prol da humanidade!”
(Terça-feira, 11 de abril de 1944)

Caminhante
A casa-esconderijo tem espaços mínimos. É quase sufocante estar aqui e saber que oito pessoas conviveram neste lugar durante dois anos, sem poder sair nem serem vistas.

Fico muito tempo sentido este ambiente. Sou perturbada somente pelo enorme barulho que fazem alguns grupos de turistas.


3º. Movimento
Entrega da carta
133-Entrega da carta e da flor para Anne Frank
Alegro
Anne Frank gostava de escrever e enviar cartões-postais para os amigos.

Caminhante
Entro na casa com a carta para Anne Frank, (já publicada neste blog), e a flor prometida em minha carta.
A carta foi escrita durante minha viagem de trem, entre a Polônia e a cidade de Amsterdam. Essa era a viagem que Anne desejava ter feito entre a Polônia e a Holanda. E, por ironia, o trem no qual viajei passou por Berlim.

A senhora Gladys Herman, uma das pesoas responsáveis pelo museu, me recebe com enorme carinho.
Ela adora a carta que escrevi e solicita a um de seus colaboradores que ele nos fotografe enquanto ela recebe a flor e a carta para Anne Frank.

Eu sinto uma felicidade imensa por ter escrito a carta e estar agora entregando-a ao museu.

As pessoas do museu ficaram felizes com minha iniciativa. Acredito que Anne Frank também.

4º. Movimento
A árvore veterana
134-Arvore de Anne Frank
(Fonte: annefrank.org)
Alegro
Anne, do sótão do “anexo secreto”, gostava de ver uma castanheira que lhe permitia observar a natureza e a mudança das estações, os pássaros e o céu.
Sobre a árvore ela escreve em seu diário:
"Quase todas as manhãs vou ao sótão tirar a poeira de meus pulmões"; “Do meu lugar favorito no chão olho para o céu azul e a castanheira desfolhada, em cujos galhos brilham pequenas gotas de chuva, como prata, vejo ainda gaivotas e outros pássaros que deslizam no vento";
"Enquanto isto existir, ... e quero viver para ver, estes raios de sol o céu azul - enquanto isto durar não poderei ser infeliz."

Cantante
A árvore de Anne foi ao chão, com um vendaval, em 24 de agosto de 2010.
A árvore já estava doente e havia causado uma imensa batalha judicial. Alguns defendiam que ela deveria ser cortada pois estava ameaçando cair sobre  residências. Outros defendiam o conteúdo histórico e não permitiam que ela fosse cortada.

Caminhante
A árvore veterana mais próxima da casa de Anne, que encontrei na esquina da avenida, ao lado da Westertoren, de onde Anne ouvia o relógio marcando as horas e batendo a cada quinze minutos.
135-Àrvore veterana mais próxima ao Museu Casa de Anne Frank
Estar do lado de fora do esconderijo onde Anne viveu durante dois anos é para mim como respirar a luta por liberdade. A do meu pai, e a de Anne Frank... e  também a de todos que se envolveram em lutas pela democracia.





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