segunda-feira, 11 de abril de 2011

Décimo terceiro dia -14.03.2011
Varsóvia-Polônia

1º. Movimento
Café da manhã

Alegro
O povo de Varsóvia é muito amigável. A irmã Elizabeth, é enfermeira, formada em Londres e fala inglês muito bem. Ela me trata com carinho. Minha visita parece uma festa para ela.

Cantante
O convento “Daughters of Charity, St. Vincent de Paul”, construído em 1652, bem como grande parte da cidade de Varsóvia, foi reconstruído após o final da II guerra.
A igreja católica sempre foi muito forte na Polônia e se manteves intacta durante todo o período comunista que o país viveu, no pós-guerra.
 
Caminhante
Amanheci o dia hoje em um convento de freiras. Eu nunca havia me imaginado hospedada em um convento.
Meu quarto é bem legal. Quentinho e silencioso. O café da manhã é gostoso e oferecido com muito carinho.


75-Canaletto e a cidade de Varsóvia

2º. Movimento
A cidade

Alegro
O italiano Canaletto pintou, no séc. XVIII, a cidade de Varsóvia com os mínimos detalhes. Ruas, avenidas, prédios, tudo com uma perfeição fotográfica. Após o final da II Guerra Mundial a cidade foi praticamente toda reconstruída, seguindo os detalhes que ele havia pintado.
Em algumas ruas podemos ver uma reprodução de sua pintura e a cidade de hoje.

Cantante
O exército hitlerista destruiu a cidade como se fosse uma carreta passando por cima de um formigueiro. Praticamente 90% da cidade foi arrasada.
Segundo Konstanty Gebert:
“Minha mãe retornou para Varsóvia em fevereiro de 1945, após a libertação da cidade.
Ela não conseguiu encontrar o lugar onde estava a casa em que ela vivia antes da guerra. Foi impossível até mesmo encontrar onde a rua estivera”.*

Em alguns locais, durante a reconstrução, a quantidade de entulho era tão grande para ser removida, que foi deixada ali mesmo e os prédios construídos por cima.

Caminhante
A cidade é linda apesar de estar cinza. As árvores estão peladas, nos edifícios, que são em tonalidades de cinza, e as roupas pretas do povo, nessa época sem sol, deixa tudo com o ar muito sombrio.
A cidade tem um ar singelo de metrópole.
Caminhamos muito, eu e Malgotzata Siudak uma polaca muito gentil, que está me ajudando no meu projeto por aqui.


3º. Movimento
Monumento aos Heróis do Levante de Varsóvia


76-Mãos que agem
Alegro
O Monumento foi construído bem ao lado do prédio moderno onde funciona a Suprema Corte do país.
É bem interessante essa junção das coisas da justiça com da história de revolta popular.
O prédio tem linhas retas verticais, enquanto o monumento apresenta movimentos curvilíneos  e isso os coloca em contraste direto.
O monumento  foi erguido em homenagem ao povo que morreu no Levante de Varsóvia em 1944.
É uma obra de arte de Wincentiy Kucma e Jacek Budyn. 

Cantante
O Levante de Varsóvia foi uma revolta do povo da cidade. Deste movimento participaram militares e grande parte da população civil da cidade. Homens, mulheres e crianças pegaram em armas tentando libertar a cidade. Foram utilizadas, além de armas de fogo, armas brancas coquetéis molotov e qualquer coisa que servisse como arma.
O Levante teve início as cinco horas da tarde do dia 1º. de agosto de 1944 e durou 63 dias, até a rendição dos revoltosos em 02 de outubro do mesmo ano.

Somente no Levante de Varsóvia pereceram mais de 16.000 polacos.

A população polonesa desejava libertar o país do domínio nazista. O exército soviético aguardou na outra margem do rio Vistula. Pode-se conclui que o exército vermelho esperou, até o final, o fracasso das forças libertárias polonesas, para somente depois entrar na cidade. Sendo assim, poderiam dominar o país sem questionamentos.

O governo soviético enviou para a Sibéria e fuzilou inúmeros libertários poloneses, mesmo alguns que tinham conseguido sobreviver aos campos de concentração e de extermínio nazistas.  

Em 1989, a Polônia tornou-se o primeiro país europeu a se libertar do regime comunista da União Soviética.

77-Eu vejo suas faces

Caminhante
No monumento aos heróis do Levante de Varsóvia o que mais me toca é a qualidade plástica, o realismo, a expressão nas faces, nos corpos, nas mãos das pessoas representadas.
Algumas delas seguram uma arma e suas expressões são tão fortes que vão lá fundo na minha alma. Estão ali, todos vivos.


4º. Movimento
Monumento aos Mártires do Povo Judeu

Alegro
O monumento que agora visito é uma obra do artista Natan Rapopo.
Em frente ao monumento está sendo construído o Museu Judaico.
O prédio e o monumento ficam em área que fez parte do Gheto de Varsóvia.

78-Escultura do monumento aos mártires judeus

Cantante
Durante milênios a Polônia foi o lar da maior população judaica do mundo.
Os judeus foram perseguidos pelo domínio nazi-fascista por mais de 13 anos antes que a II Guerra fosse deflagrada.

Como forma de isolar e degradar os judeus, os nazistas cercaram partes da cidades, formando os ghetos.
O gheto de Varsóvia foi o maior de todos. Foi estabelecido em 1940, com a construção de um moro que cercou a comunidade judaica da cidade, isolando-a do restante da população. No gheto, por causa das péssimas condições de vida e de higiene, predominavam a fome e as doenças infecto contagiosas. Dáli eram retiradas milhares de pessoas que eram enviadas para os campos de concentração e de extermínio alemães da Polônia.
Aproximadamente 380 mil pessoas viveram no gheto de Varsóvia (cerca de 30% da população, e ocupava somente cerca de 2,4% do território da cidade).

Com o domínio soviético sobre o país, e sua intolerância a cultos religiosos uma grande quantidade de judeus migrou para outras partes do mundo, inclusive para a América do Sul.

Caminhante
O monumento é muito forte.
Fico feliz em ver o grande museu que está sendo aqui construído.
Ao lado do monumento encontro uma árvore veterana, que continua lá, bem na área do gheto, firme e forte, como o povo judeu.

79-Árvore veterana - Gheto de Varsóvia
5º. Movimento
Pawiak

Alegro
O gentil senhor que cuida dessa antiga prisão, sendo muito gentil, nos mostra o interior do prédio e o pequeno museu e nos fala da história da prisão. Ele abriu uma exceção, quando descobriu que eu sou
brasileira, filha de veterano da FEB, e nos deixou entrar, apesar de ser o dia em que o museu estava fechado.
Muito gentil e interessado em contar toda a história, e nos mostrar tudo.
80-Prisão Pawiak

Cantante
A Pawiak foi a prisão usada pelos nazistas em Varsóvia. Lá foram aprisionados estudantes, intelectuais e tantos outros que se opunham ao regime nazista.
O local preserva várias relíquias da crueldade, como objetos de tortura, as celas onde se amontoavam os presos, o calendário de horários de comer, de ir ao banheiro de dormir etc.
Está também preservada a cela mínima onde ficavam os presos “escolhidos” para serem fuzilados. Esta agora mantém alguns jarros de flores.

A Pawiak de hoje é o porão da antiga prisão que foi destruída pelos nazistas antes de se retirarem da cidade.

Caminhante
A prisão é toda muito escura, de pé direito muito baixo e corredores estreitos.
É muito sufocante estar aqui.
Nas paredes, fotografias de pessoas que por ali passaram antes de serem fuziladas.
O museu é um tributo à resistência contra o nazismo.
Cada passo que dou aqui dentro é quase uma homenagem aos que lutaram durante a guerra.

81-A última cela antes de...

6º. Movimento
Observação da árvore veterana.

Alegro
A árvore veterana, neste caso, é feita de bronze, substituindo a verdadeira árvore em frente da prisão Pawiak.

Cantante
Na arvore foram sendo colocadas placas com os nomes das pessoas mortas na prisão. Dia a dia, crescia o número de placas com nomes. E a árvore foi transformada em um monumento aos mortos.

82-Árvore veterana. Prisão Pawiak

Caminhante
Eu primeiro penso que é uma árvore de veerdade... a verdadeira arvore, e por isso a chamo de veterana. Somente depois consigo perceber que não é uma arvore, e sim uma escultura que está aqui.
É bonita essa forma de cultuar a memória das pessoas.

É interessante, pra mim, que estou trabalhando o conceito das árvores veteranas, encontrar essa arvore.
7º. Movimento
Muro do Gheto

Alegro
O muro do gheto fica bem no pátio central de um prédio imenso, que hoje está sendo usado como moradia de pessoas idosas.
Está localizado à rua Sienna, 55.

83-Muro do gheto de Vaarsóvia

Caminhante
Agora, quando se olha, parece simplesmente um pedaço de uma parede, plantada ali no meio de residências... mas é tão grande e tão triste essa história... não compreendo como pessoas conseguem viver aqui, olhando esse muro todos os dias de suas vidas!

*Fonte:
Acesso: 10.04.2011).



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