sábado, 9 de abril de 2011

Décimo segundo dia - 05.03.2011

Monte Prano


1º. Movimento
Preparação para subir o monte;

Alegro                                                                                                                                                
A amável Analice me emprestou um par de botas apropriadas para andar na neve, caso contrário,qualqueprojeto de subir a montanha nesta época do ano seria inviável.
Eu e Mário Pereira fomos ao supermercado comprar sementes (segundo ele, comida de passarinho), chocolate, queijo e algumas coisas para a maratona.

Cantante
Os picos montanhosos dos países do hemisfério norte estão, neste início de primavera, ainda com bastante neve. Sempre que a temperatura fica um pouquinho mais elevada a neve derrete, mas se esfria, e as condições são favoráveis para nevar, lá vem a neve de novo!

Caminhante
Nossa subida ao Monte Prano foi adiada. Antes ela seria na segunda-feira passada... mas  tivemos uma grande nevasca.
Sendo assim, hoje iniciamos nossa missão.

66-Parte de nosso grupo
2º. Movimento
A subida

Alegro
Cinco pessoas subiram o monte. Eu, Mario Pereira, Julia (jornalista) e seu marido e Francesco (arqueólogo),
O ponto de encontro, antes de iniciarmos nossa caminhada, foi em Pesgaglia, onde tomamos um pequeno café da manhã.

Cantante
O Monte Prano tem 1.221 metros de altitude.
Por toda parte existem buracos, nas pedras, que foram cavados pelos alemães, para servir de esconderijo, ponto de defesa e de ataque.
As tropas brasileiras tomaram o mote no dia 26 de setembro de 1944.

67-Eu, na primeira parada para descanso

68-O monte ao fundo


69-O Monte Prano
 Caminhante
Durante três horas, de 9:15 às 12.15, subimos morros, fazendo semicírculos, numa trilha que nos leva ao topo do monte Prano. A subida é íngreme e tem vários trechos com neve. Nessa subida pisamos em, pelo menos, 25cm de neve acumulado no chão e eu praticamente atolo os pés.
Cada vez que subimos mais um pouco mais me falta o ar...  e as paradas para tomar fôlego são mais  frequentes.
Sou a mais “idosa” do grupo e todos me tratam com muito carinho

3º. Movimento
No topo do Monte

Alegro
As bandeiras do Brasil e a da FEB estão conosco.
Três de nós cinco estamos aqui pela primeira vez.

Cantante
Atualmente existe, no alto do morro, uma enorme cruz, uma placa e um sistema de iluminação a energia solar. A placa foi inaugurada no dia 01 de maio de 2007, para comemorar a tomada do monte pelos soldados da FEB.
O grupo de conservação do monte criou um livro de assinaturas para as pessoas que chegam até o pico do monte. O livro é bem guarnecido, contra o sol e a chuva, dentro de uma caixa de metal.

Caminhante
Nem acredito que estou aqui! É minha primeira experiência de “alpinista”.
Estou sem fôlego por causa da subida e pelo êxtase de estar neste ponto tão alto e tão significativo para a vitória brasileira na Itália.
Por alguns momentos fico com os olhos cheios de água, pensando na realidade absurda dos jovens brasileiros que lutaram neste monte tão ermo, tão íngreme e frio... tão longe de casa... das suas famílias, de suas plantações...
A paisagem é belíssima. Para mim, somente suplantada pela dor da história.
Aqui em cima tomamos fôlego, tomamos vinho, comemos e descansamos por um longo tempo.
É a primeira vez em minha vida que eu literalmente me enrolo com a bandeira do brasil. Aqui, neste momento, dá um imenso orgulho de ser brasileira (mesmo para mim que sempre me considero cidadã do mundo).

4º. Movimento
Assinatura

Caminhante
Escrevo no livro de assinaturas:
Sou Eliane Velozo, filha do veterano Gastão Veloso de Melo e de Enedina Alves de Melo. Sou a primeira mulher brasileira filha de veterano da FEB a subir aqui. Eu estou muito emocionada por poder estar aqui  hoje, e agradeço aos deuses e a Mário Pereira por terem me trazido aqui



71-Eu. com os pés no chão, com o vinho FEB, e assinando o livro
 
72-A cruz e a placa  no topo do monte

73-Aqui estamos. Eu e Mario Pereira

5º. Movimento
A descida

70-Paisagens
Alegro
É muito engraçado ver Mario e Francesco, com equipamentos de caçar metais, em punho, seguindo morro abaixo, fazendo os sons de seus equipamentos soarem a cada pequeno metal, seja arame ou peça de alguma bomba ou resto de material de artilharia que é encontrado.

Cantante
Existem ainda, por esses morros italianos, muitos pedaços de metal que foram espalhados por bombas e granadas.
Durante nosso percurso ficamos, em geral, nas trilhas já existentes.


74-O mundo, visto de cima

Caminhante
A descida é pior do que a subida... a neve já se tornou gelo na maioria dos pontos da trilha onde antes havia neve. Agora o percurso está escorregadio e difícil.
Eu levo dois “meios tombos”, mas lembro sempre que tenho “pernas de homem”, como alguém costuma me dizer. Finalmente o companheiro Mário resolve ficar sempre à minha frente, segurando minha mão.
Meus pés escorregam o tempo todo dentro da bota e tenho dois calos, um em cada pé... eles não me doem mais por causa de minha determinação de cumprir a tarefa.
Agora já em baixo, fico muito feliz de ter sido possível fazer dessa jornada uma das partes fundamentais do meu projeto.
É uma parte de minha missão.

Transbordam em mim
sentimentos indizíveis...
onde somente as experiências
valem.

Nenhuma palavra,
em língua antiga
ou que possa ser criada
definirá.

Sentimentos
enigmáticos
afloram
tornam a ação visível
por ordem, desordenadamente
história,
memória,
lembranças esquecidas
de nossos heróis desajeitados
indeléveis
provindos
de sociedades civis

levadas à luta
pela paz.

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