segunda-feira, 25 de abril de 2011

Décimo nono dia - 07.04.2011

Amsterdam-Holanda


1º. Movimento
Museu Judaico

Alegro
A história da comunidade judaica de Amsterdam é muito bem cuidada. Essa comunidade é parte importante da história da cidade, e do país.

Cantante
Aqui eu vou me limitar a explicar, em linhas gerais, o significado de alguns símbolos judaicos, pois acredito que eles sejam um pouco misteriosos para a maioria de nós.

123-Interior do Museu Judaico de Amsterdam
Estrela de Davi
124-Estrela de Davi. (Fonte mencionada abaixo)
As seis pontas da Estrela de David simbolizam o controle de D’us sob o universo em todas as seis direções: norte, sul, leste, oeste, em cima e em baixo. O triângulo que aponta “para cima” contém os 3 pilares da fé Judaica , diz sobre o espiritual e santo; D’us, o Homem e o Povo. O triângulo que aponta para baixo diz sobre o terreno e secular; Passado / Criação, Passado que prossegue no presente / Revelação e Futuro / Redenção.

MEZUZÁ
125- MEZUZÁ.
 (Fonte mencionada abaixo)
Mitsvá (mandamento ) que tem acompanhado o povo judeu ao longo dos anos. Mais do que nunca constitui o sinal de que nesta residência ou estabelecimento se encontra um judeu, e em sua porta sua maior proteção: D’us. “Mezuzá” é a palavra hebraica para designar umbral. Consiste em um pequeno rolo de pergaminho (klaf) que contém duas passagens bíblicas, manuscritas, “Shemá” e “Vehaiá”. A mezuzá que deve ser afixada no umbral direito da porta de cada dependência de um lar ou estabelecimento judaico, obedece ao seguinte mandamento da Torá: “Escreve-las-ás nos umbrais de tua casa, e em teus portões” (Deuteronômio VI:9,XI:20
KIPÁ 
Há alguém acima de você.
126-KIPÁ
 (Fonte mencionada abaixo)
O significado da palavra kipá é “arco”, que fica compreensível quando pensamos em seu formato. A kipá é um lembrete constante da presença de D’us. Relembra o homem de que existe alguém acima dele, de que há Alguém Maior que o está acompanhando em todos os lugares e está sempre o protegendo, como o arco, e o guiando. Onde quer que vá, o judeu estará sempre acompanhado de D’us.

MANORÁ
127-Manorá
 (Fonte mencionada abaixo)
Candelabro em hebraico é Menorá. A menorá que ficava permanentemente acessa no Templo Sagrado continha sete braços, para mostrar que D’us é a luz do mundo. Inclusive as janelas do Templo eram construídas de forma a levar esta luz para fora (eram estreitas dentro e amplas por fora).
A “menorá” de nove braços, na verdade é uma chanukiá. Possui oito lugares para oito velas e um braço mais alto, chamado de “shamash”, “auxiliar” (e não nove) pois através dele acendemos as demais velas. É acesa a cada dia (durante oito dias) na festa de Chanuca, quando celebramos o milagre ocorrido no Segundo Templo Sagrado (quando foi novamente consagrado).

TEFILIN
 
128-Tefilin
Consiste em duas pequenas caixas quadradas de couro de um animal casher ( apropriado para o consumo), permitidos para consumo. Devem formar um quadrado perfeito e as tiras de couro devem ser pintadas de preto, sem qualquer falha. Dentro de cada caixa encontram-se escritos em pergaminho (que também é feito de um animal casher), quatro parágrafos da Torá.

TORÁ

129-Torá
 (Fonte mencionada abaixo)
 A planta mestre, a Torá, foi entregue no Monte Sinai testemunhada por centenas de milhares de pessoas.  A Torá abrange todo o aprendizado passado de D’us para Moshê, e deste para as gerações seguintes. Tudo acabou sendo registrado através de centenas de milhares de volumes que compõem todos os ensinamentos de conduta, moral, preceitos e o código das Leis Judaicas. Os Dez Mandamentos, As Sete Leis de Nôach, os Treze Princípios de Maimônides. A Torá  é e sempre será o código de conduta  e bênção de vida; o elo eterno entre D’us e o povo judeu.
Fonte
Aceso em  20.04.2011.

Caminhante
Nesta sinagoga, eu sinto uma paz imensa. Fico muito tempo somente sentada ouvindo o som do silêncio.
Estar aqui é muito bom.



2º. Movimento
Museu Casa de Anne Frank.
130-Fila no Museu casa de Anne Frank
Alegro
O Museu Casa de Anne Frank foi inaugurado com a presença de seu pai, Otto Frank, em 03 de maio de 1960.
O museu, que recebe anualmente mais de um milhão de pessoas, está em Amsterdam, na Holanda, no “anexo secreto” onde a família Frank viveu escondida, do dia 06 de julho de 1942, até ser levada para Auschwitz, em 04 de agosto de 1944.
131-Um jardim para Anne
Cantante
Anne Frank nasceu em Frankfurt, Alemanha, em 12.06.1929.
Em 1933, com a ascensão do nazismo e a perseguição aos judeus na Alemanha, a família Frank se muda para Amsterdam.
Anne estudava na escola Montessori. Com a invasão da Holanda em 1940, cresce a perseguição aos judeus também neste país. Anne é proibida de freqüentar a escola juntamente com as crianças não judias, e passa a estudar no Liceu Israelita.
Em junho de 1942 a família se esconde na rua Prinsengracht, 263, casa onde hoje funciona o Museu Casa de Anne Frank.
Em 04 de agosto de 1944, após ser delatada, a família é presa e levada para Auschitz, juntamente com outros quatro ocupantes do “anexo secreto”.
Anne Frank morreu de tifo, em março de 1945, no campo de concentração de Bergen-Belsen, na Alemanha, para onde havia sido levada quando os aliados fecharam o certo a Auschwit
O único sobrevivente da família Frank foi Otto, o pai de Anne.
O diário escrito por Anne, durante sua permanência no esconderijo, é hoje considerado um dos livros mais importantes do século XX.

Aqui reproduzo alguns trechos do diário de Anne Frank:
132-Homenagem
“Até agora nosso quarto, com suas paredes brancas, estava muito nu. Graças a papai - que tinha trazido antes toda a minha coleção de cartões-postais e pôsteres de estrelas de cinema - e a um pincel e um pote de cola, pude cobrir as paredes com gravuras. Ficou muito mais alegre.“
(Sábado, 11 de julho de 1942)
“À noite, quando está escuro, costumo ver longas filas de gente boa e inocente com crianças chorando, andando sem parar, controladas por um punhado de homens que as empurram e batem até elas quase caírem.”
 ...“Fico apavorada quando penso em amigos íntimos que agora estão à mercê dos monstros mais cruéis que já assolaram a terra.”   ...
“E tudo porque são judeus. “
(Quinta-feira, 19 de novembro de 1942)

“Uma coisa boa resultou disso tudo: à medida que a comida fica pior e os decretos mais duros, aumentam os atos de sabotagem contra as autoridades. O departamento de alimentação, a polícia, as autoridades - todos estão ajudando os cidadãos ou denunciando-os e mandando-os para a prisão. Felizmente, apenas uma pequena porcentagem dos holandeses está do lado errado.”
(Quarta-feira, 29 de março de 1944)

“Finalmente, percebi que devo fazer os deveres de escola para não ficar ignorante, para continuar com a vida, para me tornar uma jornalista,
porque é isso que desejo!”
...
“Quero ser útil ou trazer alegria a todas as pessoas, mesmo àquelas que jamais conheci. Quero continuar vivendo depois da morte! E é
por isso que agradeço tanto a Deus por ter me dado esse dom, que posso usar para me desenvolver e para expressar tudo o que existe dentro de mim!” ".. será que me tornarei jornalista ou escritora? Espero, ah, espero muito, porque escrever me permite registrar tudo, todos os meus pensamentos, meus ideais e minhas fantasias.”
(Quarta-feira, 5 de abril de 1944)

“Se Deus me deixar viver, vou realizar mais do que mamãe jamais realizou, vou fazer com que minha voz seja ouvida, vou para o mundo e trabalharei em prol da humanidade!”
(Terça-feira, 11 de abril de 1944)

Caminhante
A casa-esconderijo tem espaços mínimos. É quase sufocante estar aqui e saber que oito pessoas conviveram neste lugar durante dois anos, sem poder sair nem serem vistas.

Fico muito tempo sentido este ambiente. Sou perturbada somente pelo enorme barulho que fazem alguns grupos de turistas.


3º. Movimento
Entrega da carta
133-Entrega da carta e da flor para Anne Frank
Alegro
Anne Frank gostava de escrever e enviar cartões-postais para os amigos.

Caminhante
Entro na casa com a carta para Anne Frank, (já publicada neste blog), e a flor prometida em minha carta.
A carta foi escrita durante minha viagem de trem, entre a Polônia e a cidade de Amsterdam. Essa era a viagem que Anne desejava ter feito entre a Polônia e a Holanda. E, por ironia, o trem no qual viajei passou por Berlim.

A senhora Gladys Herman, uma das pesoas responsáveis pelo museu, me recebe com enorme carinho.
Ela adora a carta que escrevi e solicita a um de seus colaboradores que ele nos fotografe enquanto ela recebe a flor e a carta para Anne Frank.

Eu sinto uma felicidade imensa por ter escrito a carta e estar agora entregando-a ao museu.

As pessoas do museu ficaram felizes com minha iniciativa. Acredito que Anne Frank também.

4º. Movimento
A árvore veterana
134-Arvore de Anne Frank
(Fonte: annefrank.org)
Alegro
Anne, do sótão do “anexo secreto”, gostava de ver uma castanheira que lhe permitia observar a natureza e a mudança das estações, os pássaros e o céu.
Sobre a árvore ela escreve em seu diário:
"Quase todas as manhãs vou ao sótão tirar a poeira de meus pulmões"; “Do meu lugar favorito no chão olho para o céu azul e a castanheira desfolhada, em cujos galhos brilham pequenas gotas de chuva, como prata, vejo ainda gaivotas e outros pássaros que deslizam no vento";
"Enquanto isto existir, ... e quero viver para ver, estes raios de sol o céu azul - enquanto isto durar não poderei ser infeliz."

Cantante
A árvore de Anne foi ao chão, com um vendaval, em 24 de agosto de 2010.
A árvore já estava doente e havia causado uma imensa batalha judicial. Alguns defendiam que ela deveria ser cortada pois estava ameaçando cair sobre  residências. Outros defendiam o conteúdo histórico e não permitiam que ela fosse cortada.

Caminhante
A árvore veterana mais próxima da casa de Anne, que encontrei na esquina da avenida, ao lado da Westertoren, de onde Anne ouvia o relógio marcando as horas e batendo a cada quinze minutos.
135-Àrvore veterana mais próxima ao Museu Casa de Anne Frank
Estar do lado de fora do esconderijo onde Anne viveu durante dois anos é para mim como respirar a luta por liberdade. A do meu pai, e a de Anne Frank... e  também a de todos que se envolveram em lutas pela democracia.





terça-feira, 19 de abril de 2011

Décimo oitavo dia – 22.03.1011

Da Polônia à Holanda


1º. Movimento
Viagem de trem


Caminhante
Aqui reproduzo, em português e inglês, a carta que escrevi para Anne Frank, durante minha viagem da Polônia para a Holanda.


121-Rota de minha viagem da Polõnia para a Holanda
  
Querida Anne,
Hoje estou fazendo o caminho da Polônia para Amsterdam.
Sei que é muito pesaroso saber que esse foi o percurso que você tanto desejou fazer desde o dia em que foi trazida para a Polônia, à força, pelos nazistas.
Se pode lhe servir de algum alívio, gostaria de lhe informar que estive, sim, onde você esteve até quando foi levada, também â força, para o campo de concentração de Bergen-Belsen, na Alemanha.
Não é exatamente onde você esteve, pois Auschwitz agora é um museu e serve para mostrar ao mundo as barbaridades que foram cometidas durante o domínio nazi-fascista na Europa. Serve também para que isso nunca mais volte a acontecer.
Lamento nossas forças aliadas não terem chegado a tempo de lhe libertar (antes que as suas últimas forças físicas se esvaíssem) para que você pudesse fazer a viagem que agora faço para a Holanda, o país que você tanto amava.
Meu pai, Gastão Veloso de Melo, lutou nas forças aliadas na Itália, e por isso estou aqui lhe escrevendo. Faço o percurso que ele fez durante a guerra, além de algumas atividades paralelas relacionadas com  este processo de libertação e de paz. A Polônia e a Holanda entraram para meu projeto por sua causa, por sua história.
O trem que agora me leva a Amsterdam é rápido e confortável, ao contrário dos trens nos quais você viajou, que eram usados para o transporte de animais, e que os nazistas usaram para degradar, humilhar os judeus, ciganos, homossexuais, rebeldes etc, a caminho dos campos de concentração e de extermínio.
Eu agora viajo em uma cabine que tem uma cama pra mim... e não estou sozinha aqui, pois lhe garanto, você está comigo... ao meu lado, nos seus anos de adolescência, pois onde você está, desde 1945, não se muda de idade.
Você tinha um sonho de fazer um mundo melhor para todos.
Com a publicação de seu diário, você se transformou em um ícone, que representa a voz de mais de um milhão e meio de crianças e de cada um dos que foram emudecidos durante o holocausto.
Anne querida,
tantas coisas vergonhosas aconteceram em Auschwitz! As que você conhece e outras que somente pudemos conhecer quando o campo de extermínio foi libertado pelos aliados. Mas você não estava mais lá.
E você, querida Anne, infelizmente não suportou o inverno em Bergen-Belsen, o outro campo para onde você foi levada pelos nazistas, e não pôde ver as primeiras flores daquela primavera de 1945! As mais belas flores que a Europa já viu!
Depois do final da guerra, algumas coisas somente mudaram de mãos. Os russos, que a princípio ajudaram a libertar o mundo dos nazi-fascistas, continuaram perseguindo e matando pessoas, entre elas muitos intelectuais e libertários dos países que ficaram sob seu domínio após o final da guerra.
Anne,
acredito que talvez o mundo substancialmente esteja um pouco melhor. Não para todos os povos e todas as pessoas. Temos, ainda, preconceitos, segregação e tortura em muitos lugares. No continente africano ainda se morre de fome. Várias guerras matam e mutilam inocentes, todos os dias.
Mas,
acho que agora vou lhe falar um pouco de coisas amenas. Hoje é o segundo dia da primavera, o dia na Polônia esteve ensolarado, o céu estava azul e a temperatura até chegou a 10 graus! Pode acreditar?!
O que você pensaria em fazer, como primeira coisa, quando você chegasse de volta em Amsterdam?
Simplesmente, andar pela cidade como se você fosse um passarinho que acaba de ser libertado da gaiola?
Tomar um chocolate bem quentinho?
Não se preocupe, não pensei que você comeria batatas!
Em minha visita à sua casa em Amsterdam, lhe levarei uma flor. Não sei ainda que flor, nem de que cor, mas acredito que você vai me ajudar a escolher.
Sei que você não pode me responder a esta carta, mas não se preocupe, eu já a considero respondida.
Anne, de Auschwitz eu fui para Cracóvia de ônibus. Foram duas horas de viagem. De Cracóvia eu viajei de trem para Varsóvia e agora continuo de trem até Amesterdam. Neste percurso serão 15 horas de viagem.
Você foi parceira de resistência de meu pai. Assim, a sua morte e a minha vida se tornaram o significado da luta pela paz.

Muito obrigada,

Eliane Velozo
(viajando de tem entre a Polônia e a Holanda, às 20:40, no dia 22.03.2011).


 
122-Gastão Veloso de Melo, Anne Frank e Eliane Velozo
(Foto de Anne Frank, fonte: pedagogie.ac-toulouse.fr)
 

Dear Anne,

Today I’m on my way from Poland to Amsterdam. It’s really a big burden to know that this is the very same road you wished to be on since the very first day you were brought in to Poland by force by the Nazis.
If it could serve you as any kind of relief I’d like you to know that I was there on the place you’ve been right before you were dragged, again by force, to the concentration camp of Bergen-Belsen on Germany.
Well, it’s not exactly where you were, once now Auschwitz is a museum serving the world as a reminder of the atrocities committed during the period, which Nazism and Fascism took over Europe. The museum also assures us that this will never happen again.
I’m really sorry that the Allies never arrived on time to set you free (before all of your physical strength was drained) so that you could take the road I’m taking now to Holland, your beloved country.
My father, Gastão Veloso de Melo, enrolled in the Allies forces' battles in Italy and that’s the reason I’m here writing to you right now. I’m here walking the same path he walked during the war and developed correlated activities with this process of liberation and peace. Poland and Holland are part of my project because of you and your story.
The train that takes me to Amsterdam is fast and comfortable, not anything like the ones you took, which were used solely to the transport of animals but used by the Nazis to degrade and humiliate the Jews, gypsys, homosexuals, rebels etc., on the way to concentration and extermination camps.
I 'm traveling now in a cabin that has a bed for me... and I'm not alone here, I'm sure that you are with me... at my side, enjoying your adolescence years because where you are now, since 1945, there’s no aging.
You had a dream of making the world a better place for everyone.
With the publication of your diary you became an icon, that represents the voice of over a million and half kids and each one of the others voices that were muted during the holocaust.
My dearest Anne,
many shameful things happened in Auschwitz! The ones you know of and all of the others that we could only know about after the camp was set free by the Allies. But you were not there anymore.
Unfortunately my dear Anne, you couldn't bare the winter in Bergen-Belsen, the other camp you were taken to by the Nazis, and therefore you couldn’t see the first flowers of that 1945 spring! The most beautiful flowers ever seen in Europe!
After the end of the war some things just changed hands. The Russians, which at first helped  to set world free from the Nazis and Fascists, continued chasing down and killing people, many of them intellectuals and libertarians of the countries under their domain after the war.
Anne, I believe that the world substantially is, maybe, a little better place, but not to all the people and everyone. We still have prejudice, segregation and torture at many places. At the African continent many still starve to death. Many wars kill and maim innocents every day.
But
I think I will now tell you a little about the mild stuff. Today is the second day of spring, and it was a shiny day in Poland, the sky was blue and the temperature reached 10°C! Can you believe it?!
What would you think of doing first when you came back to Amsterdam?
Simply walk around the city like a little bird just freed from the cage?
Have a hot chocolate?
Don’t worry, I didn’t think you would be eating potatoes!
When I visit your house in Amsterdam, I’ll bring you a flower. I still don’t know which flower and its color yet, but I believe you’ll help me choose it.
I know you can’t answer this letter to me, but don’t worry, I consider it already replied.
Anne, I left Auschwitz and went to Krakow by bus. It was a two hour trip. From Krakow I took a train to Warsaw and now I’m going to Amsterdam still travelling by train. It will be a 15 hour trip.
You resisted the war as my father did. And so your death and my life became the meaning of the fight for peace.

Thank you very much,


Eliane Velozo
(On a train somewhere between Poland and Holland at 20:40, on the 03.22.2011)




segunda-feira, 18 de abril de 2011

Décimo sétimo dia - 21.03.2011

Varsóvia - Polônia


1º. Movimento
Resistência polonesa

Alegro
Os poloneses se orgulham de sua história de resistência. É com entusiasmo ímpar que as pessoas mostram os monumentos e locais e falam das pessoas que marcam a resistência contra a opressão.

108-Witold Pileki
(foto da internet, sem auroria)

Pileki foi torturado e morto, em 1948, pelas autoridades comunistas.

Cantante
Witold Pileki, foi um polonês que escolheu ser preso e levado para o campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, com a intenção de informar os aliados das atrocidades cometidas neste campo, e também para ajudar os prisioneiros em seus processos de resistência.
Em 1943, ele consegue evadir-se de Auschwitz e toma parte do levante de Varsóvia.

      Após recolher testemunhos das atrocidades soviéticas, perseguição de polacos, internamentos em               gulags e execuções

109-Árvore veterana
em frene ao prédio onde residia Witold Pileki
      Caminhante
Estou em frente ao prédio onde ele foi preso, em Varsóvia, durante a ocupação nazista.
Aqui resiste a árvore veterana.

Agora eu penso no tempo de minha vida em que eu achava que os soviéticos eram os mocinhos da história.  



2º. Movimento
Cemitério judaico
110-Monumento às crianças vítimas do holocausto.
Cemiério judaico de Varsóvbia

Alegro
Aqui reproduzo (em ingles) o poema de uma criança judia:

The little smoggler

Through a hole,
Through a crack or a cranny
Starving yet
Stubborn and canny
Sneaky and speedt like a cat

And if pate turn against me
If that game of life and bread
Do not weep for me mother,
do not cry,
Are we not all market to die ?

Only one worry besets me
Lyung in agony, so nearly dead
Who will care for you tomorrow
Who‘ll bring you, dear mom,
A slice of bread.

Por Henryka Lazowert
(Gheto de Varsóvia, 1941).


111-Áarvore veterana. Cemitério judaico

Caminhante
No cemitério judaico em Varsóvia foi erguido um monumento às crianças mortas durante o holocausto..

Em Varsóvia, em 1939, havia 1.300.00 habitantes. Em 1945 restavam apenas 422.000 pessoas na cidade.

Caminhante
Andando por este cemitério eu sinto o quanto é sombria a nossa história.
112-Ludwig Lazarus Zamenhof

Aqui eu encontro a catacumba de Ludwig Lazarus Zamenhof, (1859-1917), polonês, inventor do esperanto, que foi a primeira língua configurada para comunicação sem fronteiras.

O monumento às crianças vítimas do holocausto é uma das coisas mais tristes do mundo.


 
3º. Movimento
Portal da morte


113-Portal da morte
Alegro
Monumentos erguidos são como batidas do coração.

Cantante
Aqui em Varsóvia, o lugar da cidade de onde partiam os judeus para os campos de concentração e extermínio alemães, é marcado com um grande muro, onde estão inscritos nomes de muitas pessoas que dali partiram para não mais voltar.

114-Texto  no portal da morte

Caminhante
Sinto um sentimento de alívio vendo os nomes das pessoas escritos neste muro. Elas, de alguma forma, continuam nos dizendo: “Eu estou aqui”. Se isso não nos basta, pelo menos alivia.

115-Tomadas parciais de nomes no portal da morte

Aqui, a árvore veterana está  por trás do muro.
É incrível, para mim, ver árvores em relevo, esculpidas na entrada do monumento.


116-Árvore veterana. Portal da morte


4º. Movimento
Museu do levante de Varsóvia

Alegro
Um grande número de crianças, trazidas pelas escolas, visitam, todos os dias, este museu.

Cantante
O museu conta a história  da resistência polonesa.
O símbolo do levante de Varsóvia é uma âncora.

Aqui encontramos textos, fotografias, objetos da época.
Muitos participantes do levante contam suas histórias durante a resistência polonesa.



117-Síimbolo do levante de Varsóvia
 


118-Nomes na parede do Musau do Levante de Varsóvia
 
Caminhante
O que mais me impressiona, dentro deste museu, é uma parede enorme que transmite o som das batidas de um coração.
Fico emocionada ao encontrar a fotografia de Wladyslaw Szpilman, o pianista que inspirou a história do filme “O pianista”.

Sons dos bombardeios alemães em Varsóvia são muito presentes no museu. Em alguns momentos parece que estou em um campo de guerra.
O museu é muito escuro. Reproduz alguns esgotos da cidade (sem a água) onde as pessoas podem entrar para sentir, um pouco, como foi estar lá embaixo.
Uma experiência muito interessante é ver um filme em 3D que nos transforma em uma mosca sobrevoando a cidade destruída.


 
5º. Movimento
Rua judaica


119-Paredes da rua judaica
 
Cantante
A rua judaica foi um dos poucos pedaços de cidade que ficaram em pé em Varsóvia, após o bombardeio do exército alemão.
Agora não se sabe o que vai acontecer com essa rua porque a área está, hoje, com um alto índice de especulação imobiliária.

Caminhante
Ao olhar os prédios eu consigo ver que nas janelas foram colocadas fotografias de pessoas, representando as que realmente moravam nesses lugares.

      É lindo ver isso!





120-Estamos todos aqui. Rua judaica
12

domingo, 17 de abril de 2011


Décimo sexto dia - 19.03.2011

Cracóvia - Polônia


1º. Movimento
Fábrica de Oskar Schindler
103-A fábrica de Oskar Schindler. Cracóvia

Alegro
Em Cracóvia, a fábrica de Oskar Schindler, é um dos pontos mais visitados da cidade.

Cantante
Oskar Schindler nasceu em 1908, na Tchecoslováquia. Seu melhor amigo de infância era um menino judeu, que residia na casa ao lado da sua.
Sempre foi um boêmio, namorava muitas mulheres e gastava muito dinheiro.  Mesmo depois de seu casamento, em 1928, continuou com a mesma vida. Tinha inúmeras amantes.
Ambicioso, entra para o partido nazista com a finalidade de ganhar dinheiro.




104-Oskar Schindler
 (Foto:jewishvirtuallibrary.org)

Um dia, ao observar as atrocidades cometidas com os judeus em campos de concentração ele se transforma em um salvador de pessoas.
Com o lema, “aquele que salva uma vida, salva o mundo inteiro”, ele inicia sua missão de salvar tantos seres humanos quantos lhe fosse possível.

Sua fábrica de utensílios domésticos, em Cracóvia dominada pelos nazistas, empregou mais de 1.200 judeus, salvando-os de serem mortos.
         Ele os tratava com respeito e carinho. Conhecia a maioria pelo nome

105-Câmera fotográfica do acervo da Fábrica

Ele tinha amplo trânsito entre as autoridades nazistas, participava de festas, coquetéis etc, e negociava os nomes das pessoas que ele queria na sua fábrica, tendo que pagar por cada uma delas.
Diariamente, ele também pagava ao partido, uma taxa por cada trabalhador empregado em sua fábrica.
Apesar de não pagar salários aos seus operários, ele os manteve salvos até o final da guerra.

106-Carteira de trabalho do acervo da fábrica


107-Reprodução de fotografias encontradas em vitrine na parede exterior
da fábrica de Oskar Schinder

Seus ex-empregados declaram:
“Haverá outras gerações por causa do que ele fez”; “Ele me deu a vida. Salvou minhas irmãs e me salvou.’
E, sob o questionamento de Schindler sobre a possibilidade de ter salvo mais pessoas se tivesse gasto menos dinheiro com outras coisas um de seus operários lembra o lema “Aquele que salva uma vida, salva o mundo inteiro”.

Após o final da guerra, considerado traidor pelos alemães, ele recebe apoio de comunidades judaicas.
Em 1961, foi a Israel pela primeira vez, oitocentas pessoas o receberam no aeroporto. E, desde então, até o final de sua vida, quando morreu, em 1974, comemorou, em Israel, todos os anos, o seu aniversário.
Está enterrado em Israel, segundo seu próprio desejo.

Caminhante
Caminho, nesta antiga fábrica, pensativa e curiosa sobre como um nazista declarado, durante a guerra, mudou de opinião. Na minha cabeça ainda é controversa essa idéia, mas os fatos são inegáveis, e por isso comunidades judaicas têm muito respeito por Oskar Schindler, tratando-o como herói da defesa dos judeus durante a II guerra.
Ele deve ter resgatado, com sacrifício, os resquícios de humanidade que tinha para tomar uma atitude de libertação perante os oprimidos. Fico imaginando que anjo poderoso o ajudou nessa tarefa.

Em uma sala do museu, que trata de Cracóvia sob o domínio nazista, estão penduradas duas bandeiras nazistas, enormes. Eu passo mal olhando-as. Sufocada, procuro, sem encontrar, a saída da sala. Nunca tinha me imaginado frente a frente com esse símbolo, vivendo esta situação. A realidade de ver em livros, revistas ou filmes uma bandeira nazista é muito diferente de estar a 30 cm de duas delas, cada uma com o dobro do meu tamanho..

Termino este dia com a pergunta do filme “A lista de Schindler”, de Steven Spielberg :
“E nós, será que podemos fazer um pouco mais?”
 

sábado, 16 de abril de 2011


Décimo quinto dia - 18.03.2011

Auschwitz

94-Vistas de Auschwitz


Alegro
Atualmente é muito fácil chegar até Auschwitz. Existem ônibus que saem de Cracóvia a cada meia hora.
Os hotéis e pousadas também oferecem transporte com visita guiada. (Ver quadro de número de visitantes por ano em minha postagem do décimo quarto dia).
Ontem eu vim aqui com um grupo. Hoje vim sozinha, de ônibus.


95-Crematório e Cerca

Cantante
É impossível determinar o número de pessoas que chegaram, de trem, a Auschwitz e foram levadas, diretamente, para as câmaras de gás. Passageiros de inúmeros trens, lotados com crianças, idosos e debilitados, seguiram imediatamente para as câmaras de gás ao chegarem a este campo de extermínio.



96-Aviso

97-Detalhes da cerca eletrificada

98-Fuzíveis

99-Fotografias de preisioneiros. Memorial de Auschwitz

Também estiveram em Auschwitz, além de judeus de muitos países e outras “minorias”:
7.500 judeus italianos.
60.000 judeus holandeses.

As péssimas condições de higiene, o trabalho forçado por muitas horas seguidas e o terror constante eram também causas para o enfraquecimento físico e psicológico dos prisioneiros.

Entre 1942 e 1944 os nazistas construíram 50 sub-campos, formando o network do terror e da morte.

Os portões de Auschwitz foram abertos pelo exército russo no dia
27 de janeiro de 1945.

Com o aperto do cerco dos aliados, os nazistas haviam evacuaram para outros campos uma grande quantidade de prisioneiros, deixando para trás os fracos, doentes e feridos.

Foram encontrados no campo, atém de 600 corpos de prisioneiros:
9000 prisioneiros
850 mil vestidos
350 mil ternos
8 toneladas de cabelos.
100-Maletas em Auschwitz

101-Sapatos em Auschwitz

Caminhante
Acredito que para se falar de paz, o oposto, em linha direta, da guerra, é preciso que se conheça Auschwitz;
Aqui é a essência da crueldade do século XX. A vergonha das vergonhas do ser humano... esse estranho animal.
A compreensão disto aqui extrapola o racional, os parâmetros possíveis para uma espécie dita humana.
Os campos nazistas de concentração e extermínio fizeram parte de uma organização pensada, palmo a palmo, para tornar possíveis todos os detalhes mais sutis da maldade do ser humano na face da terra.
Nenhuma língua será capaz de expressar, realmente, o que foi Auschwitz para os que aqui viveram pelo menos um dia de suas vidas.
Nada que eu possa escrever será minimamente suficiente.


2º. Movimento
Histórias pessoais
102-Simplesmente janelas?

Alegro
Existem histórias sobre fuga, amor e cooperação em Auschwitz.

Cantante
Historia 1
“Ex-prisioneiro conta como fugiu de Auschwitz
Há exatos 66 anos, um jovem polonês católico fez algo que até hoje parece ser impossível de ter sido realizado: escapou do campo de concentração nazista de Auschiwitz, são e salvo, com a sua namorada. No dia 21 de julho de 1944, Jerzy Bielecki passou pelo guarda alemão ao lado de sua namorada, Cyla Cybulska. Após mirar o passe falso e observar os dois por um período que pareceu uma eternidade, a sentinela deixou-os passar apenas falando ‘Ja, danke’ (Sim, obrigado).
Bielecki e Cybulska se conheceram no próprio campo de concentração. Ele, um católico polonês fluente em alemão de 23 anos, tinha uma posição privilegiada entre os prisioneiros. Ela, uma jovem judia de 22 anos, estava condenada à morte. O primeiro encontro de ambos aconteceu em setembro de 1943, em um depósito de grãos, onde os dois recentemente tinham sido transferidos para trabalhar. Cybulska entrou no depósito acompanhada de um grupo de mulheres. ‘Pareceu-me que uma delas, uma bonita de cabelo preto, tinha piscado para mim’, recorda Bielecki. Eles ficaram amigos e logo a amizade se transformou em romance.
Em suas memórias de Auschwitz, escritas em 1983, Cybulska diz que nos encontros eles contavam um ao outro suas histórias de vida e que ‘todo encontro era um evento realmente importantes para nós dois’. ‘Era um grande amor’, disse Bielecki, 89 anos, em entrevista à agência AP realizada em sua casa, localizada a apenas 85 km de Auschwitz. ‘Nós fazíamos planos de nos casarmos e de vivermos juntos para sempre ‘. Ela tinha sido presa em 1940, então com 19 anos, ao lado de seus pais e irmãos. Em setembro de 1943, Cybulska era a única viva. O irremediável destino fatal fez eles apressarem os planos de fuga.
De um colega preso polonês, Bielecki conseguiu secretamente um uniforme da SS (tropa de elite nazista) completo e um passe. Usando uma borracha e uma caneta, ele mudou o último nome do passe de Rottenfuehrer Helmut Stehler para Steiner, para o caso da sentinela conhecer o verdadeiro Stehler, e o registrou para dizer que estava levando uma prisioneira para interrogação em uma estação policial próxima. ‘Amanhã, um homem da SS vai vir para levar você para um interrogatório. Esse homem será eu’, disse Bielecki à sua namorada. Na tarde seguinte, vestido com o uniforme roubado, ele foi até a lavanderia para a qual Cybulska tinha sido transferida para trabalhar. Suando de medo, ele exigiu ao supervisor alemão que liberasse a mulher. Eles então rumaram ao portão principal, onde entregaram o passe e deixaram Auschwitz. ‘Eu senti dor na minha espinha, onde eu esperava ser atingido’, conta Bielecki. Contudo, após alguns metros, eles olharam para trás e viram a sentinela em sua cabine.
Os dois marcharam por nove dias, cruzando florestas e rios. Em um ponto, extremamente cansada, Cybulska chegou a pedir para ser deixada. ‘Jurek não quis ouvir e continuou repetindo: 'nós fugimos juntos e vamos caminhar juntos', diz uma memória dela registrada em um livro escrito por Bielecki. Após a nona noite, eles chegaram à casa de um tio dele, em um vilarejo próximo a Cracóvia. Para evitar ser presa novamente por soldados nazistas, Cybulska foi escondida em uma fazenda, enquanto ele decidiu se esconder em Cracóvia. Após o exército soviético tomar a Polônia, em janeiro de 1945, Bielecki retornou para encontrar a namorada, mas ela já tinha partido - a vila em que estava havia sido libertada três semanas antes.
Cybulska se casou e mudou-se para os Estados Unidos. Bielecki também constitui família na Polônia. O casal só voltaria a se encontrar após ela contar sua história para sua faxineira polonesa, que recordava ter ouvido a mesma história na televisão. ‘Eu conheço a história, eu vi um polonês na TV dizendo que conduziu sua namorada judia de Auschwitz’, a faxineira disse a Cybulska, segundo Bielecki. Em uma manhã de maio de 1983 ele recebeu uma ligação. ‘Eu ouvi algumas risadas - ou choro - no telefone e então uma voz disse 'Juracku, sou eu, sua pequena Cyla', conta Bielecki.
Algumas semanas depois, o casal de reencontrou no aeroporto de Cracóvia. Ele levou 39 rosas, uma para cada ano que permaneceram distantes. Ela o visitou na Polônia várias vezes, inclusive foram junto ao memorial de Auschwitz. ‘O amor começou a voltar’, diz o ex-prisioneiro. ‘Cyla me dizia: deixe a sua mulher, venha comigo para os Estados Unidos. Ela chorou muito quando eu disse: olha, eu tenho uma criança muito boa, eu tenho um filho, como poderia fazer isso?’, acrescenta. Ela então prometeu que não retornaria mais. Cybulska não voltou a entrar em contato e não retornou as cartas até 2002, quando morreu em Nova York.
Em 1985, o Instituto Yad Vashem de Jerusalém condecorou Bielecki por ter salvo Cybulska. ‘Eu estava muito apaixonado por Cyla, muito. Algumas vezes eu chorava após a guerra, por ela não estar comigo. Eu sonhava com ela de noite e acordava chorando. O destino decidiu por nós, mas eu faria tudo de novo’.”
 
Acesso em 13.04.2011


História 2
Escoteiro, Kazimierz Piechowski, conta como fugiu de Auschwitz

“No dia 20 de junho de 1942, o guarda da SS, que fazia a vigia da saída do campo, estava assustado. Na sua frente se encontrava o carro de Rudolf Höss, seu comandante. No interior, havia quatro homens da SS e um deles (um subtenente) lhe gritava: abra logo esse portão ou vou abrir você! Aterrorizado, o guarda levantou a barreira, permitindo que o carro saísse e se afastasse a toda velocidade.
Mas se o guarda tivesse olhado um pouco mais de perto, teria notado que os homens no interior daquele veículo estavam suando e seus rostos estavam escurecidos pelo medo. Longe de serem nazistas, aqueles homens eram prisioneiros poloneses com uniformes roubados, que acabavam de protagonizar umas das fugas mais audazes da história de Auschwitz. O subtenente mandão, que gostava de gritar, era, em realidade, o escoteiro Kazimierz Piechowski e o lema ‘Sempre Alerta’ se converteu em seu salva-vidas.
Kazimierz Piechowski tem hoje 91 anos e conhecemos suas história através da Associação Escoteira Britânica, que lhe homenageou recentemente.
Quase 70 anos depois, o preso 918 é o protagonista de um ato celebrado na Baden-Powell House, em Londres. Impecavelmente vestido, com as costas retas como as de um adolescente, recebe o lenço comemorativo e escuta uma canção que fala sobre sua fuga do campo de concentração. Depois das canções e felicitações, Kazik, como gosta de ser chamado, começa a contar histórias que poucas pessoas haviam escutado. Como, por exemplo, o fato de que durante a ocupação nazista, os escoteiros eram assassinados nas ruas ou enviados aos campos de concentração.
Quando começou a ocupação alemã na Polônia em 1939, o movimento escoteiro foi considerado pelos invasores com um símbolo de nacionalismo polonês e um forte candidato a formar parte da resistência.
Quatro dias depois de declararem a guerra, os alemães chegaram a minha cidade e começaram a atirar contra os escoteiros. Eu sabia que cedo ou tarde me matariam, então decidi fugi’.
Kazik tentou escapar através da fronteira húngara, mas foi capturado e, depois de passar por várias prisões, foi mandado para Auschwitz. Lá ele foi obrigado a trabalhar durante 12 a 15 horas diárias para ampliar o campo de concentração, que não era grande o suficiente para receber os milhares de prisioneiros que chegavam. Também teve que trabalhar recolhendo cadáveres de seus companheiros executados.
‘As vezes eram 20 por dia. As vezes eram 100. As vezes eram mais. Homens mulheres e crianças’. Seu olhar transparece raiva e ele repete: ‘…e crianças’.
Kazik, depois de um elaborado plano, conseguiu fugir do campo de concentração junto a seus companheiros. Ele escreveu dois livros contando suas experiências e trabalha para que ninguém esqueça o que aconteceu em Auschwitz.
O senhor não se importa em reviver seu passado?
Fonte:
Acesso em 14.04.2011

Caminhante
É árdua e penosa a minha tarefa de buscar informações e postá-las neste blog.
As minhas experiências nos dois dias em que fui a Auschwitz, misturadas com as informações desse cenário de horror, me enfraquecem. Preciso de tomar um fôlego.